quarta-feira, 11 de abril de 2012
Coisa Amar
Contar-te longamente as perigosas
coisas do mar. Contar-te o amor ardente
e as ilhas que só há no verbo amar.
Contar-te longamente longamente.
Amor ardente. Amor ardente. E mar.
Contar-te longamente as misteriosas
maravilhas do verbo navegar.
E mar. Amar: as coisas perigosas.
Contar-te longamente que já foi
num tempo doce coisa amar. E mar.
Contar-te longamente como doi
desembarcar nas ilhas misteriosas.
Contar-te o mar ardente e o verbo amar.
E longamente as coisas perigosas.
quarta-feira, 29 de julho de 2009
Afinidade
Afinidade
Não é o mais brilhante,mas é o mais sútil,delicado e penetrante dos sentimentos.Não importa o tempo, a ausência,os adiantamentos, a distância, as impossibilidades.Quando há AFINIDADE, qualquer reencontro retoma a relação,o diálogo, a conversa,o afeto, no exato pontode onde foi interrompido.
AFINIDADE é não havertempo mediante a vida.É a vitória do adivinhado sobre o real,do subjetivo sobre o objetivo,do permanente sobre o passageiro,do básico sobre o superficial.
Ter AFINIDADE é muito raro,mas quando ela existe,não precisa de códigosverbais para se manifestar.Ela existia antes do conhecimento,irradia durante e permanece depois que aspessoas deixam de estar juntas.
AFINIDADE é ficar longe,pensando parecido arespeito dos mesmos fatos queimpressionam, comovem, sensibilizam.
AFINIDADE é receber o que vemde dentro com uma aceitaçãoanterior ao entendimento.
AFINIDADE é sentir com...Nem sentir contra, sem sentir para...Sentir com e não ter necessidade de explicação do que está sentindo.É olhar e perceber.
AFINIDADE é um sentimento singular,discreto e independente.Pode existir a quilômetros de distância,mas é adivinhado na maneira de falar,de escrever,de andar,de respirar.....
AFINIDADE é retomar a relaçãono tempo em que parou.Porque ele (tempo) eela (separação) nunca existiram.Foi apenas a oportunidade dada (tirada)pelo tempo para que a maturaçãopudesse ocorrer e que cadapessoa pudesse ser cada vez mais.
Não é o mais brilhante,mas é o mais sútil,delicado e penetrante dos sentimentos.Não importa o tempo, a ausência,os adiantamentos, a distância, as impossibilidades.Quando há AFINIDADE, qualquer reencontro retoma a relação,o diálogo, a conversa,o afeto, no exato pontode onde foi interrompido.
AFINIDADE é não havertempo mediante a vida.É a vitória do adivinhado sobre o real,do subjetivo sobre o objetivo,do permanente sobre o passageiro,do básico sobre o superficial.
Ter AFINIDADE é muito raro,mas quando ela existe,não precisa de códigosverbais para se manifestar.Ela existia antes do conhecimento,irradia durante e permanece depois que aspessoas deixam de estar juntas.
AFINIDADE é ficar longe,pensando parecido arespeito dos mesmos fatos queimpressionam, comovem, sensibilizam.
AFINIDADE é receber o que vemde dentro com uma aceitaçãoanterior ao entendimento.
AFINIDADE é sentir com...Nem sentir contra, sem sentir para...Sentir com e não ter necessidade de explicação do que está sentindo.É olhar e perceber.
AFINIDADE é um sentimento singular,discreto e independente.Pode existir a quilômetros de distância,mas é adivinhado na maneira de falar,de escrever,de andar,de respirar.....
AFINIDADE é retomar a relaçãono tempo em que parou.Porque ele (tempo) eela (separação) nunca existiram.Foi apenas a oportunidade dada (tirada)pelo tempo para que a maturaçãopudesse ocorrer e que cadapessoa pudesse ser cada vez mais.
AMAR
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgTU4z3VZbk8LPla5RZ5FCVqiC7IL064WXWRx7Kr7XAN06mGWBkJBHAb9JDeIWhgewzBgzU13QVQKWc53pEcdaTMFMj4Jw76Ze3kdMrGOM-RdcygXM21nz5s_Hljos9ULIMjFOFBQBXDD4/s320/Montanhas+azuis.jpg)
Amar
Que pode uma criatura senão,entre criaturas, amar?amar e esquecer,amar e malamar,amar, desamar, amar?sempre, e até de olhos vidrados amar? Que pode, pergunto, o ser amoroso,sozinho, em rotação universal, senãorodar também, e amar?amar o que o mar traz à praia, o que ele sepulta, e o que, na brisa marinha,é sal, ou precisão de amor, ou simples ânsia? Amar solenemente as palmas do deserto,o que é entrega ou adoração expectante,e amar o inóspito, o cru,um vaso sem flor, um chão de ferro,e o peito inerte, e a rua vista em sonho, e uma avede rapina.Este o nosso destino: amor sem conta,distribuído pelas coisas pérfidas ou nulas,doação ilimitada a uma completa ingratidão,e na concha vazia do amor a procura medrosa,paciente, de mais e mais amor. Amar a nossa falta mesma de amor, e na secura nossaamar a água implícita, e o beijo tácito, e a sede infinita.
Autor: Carlos Drummond de Andrade
Assinar:
Postagens (Atom)